Salir é muito, muito rico. Tem um património natural fantástico e ostenta uma memória edificada de criar inveja a qualquer vila deste país. O sítio do Malhão e a Rocha da Pena, são os ex-libris da nossa freguesia onde o amante da natureza pode descansar o olhar em desejada contemplação do que de mais genuíno existe. Só quem é insensível à arte é que não vê em Salir uma imensa galeria. Não é preciso esperar pela Primavera para poder observar os melhores emais deslumbrantes quadros, mas é nessa estação do ano que a cor invade os nossos corações e podemos percorrer a rota das noras e imaginar o fervilhar de vida e alegria que naquelas várzeas já se viveu. Poderíamos passar pelo nosso imenso património natural ou edificado e esquecer-nos do "cultural", mas admitir essa hipótese seria uma heresia.
Efetivamente, se algo existe de que uma população se possa e deva orgulhar é aquilo que de relevante lhe foi deixado pelos seus antepassados. Salir, como qualquer outra freguesia, orgulha-se da sua cultura, das suas tradições, dos seus costumes, da sua gastronomia...enfim de tudo o que ao longo dos anos, das décadas e dos séculos, os seus pais, avós, bisavós e todos os seus antepassados gravaram nas pedras da vida e que hoje forma o seu património. Sim, é deveras riquíssimo esse legado; se pensarmos no património oral, com a sua enorme lista de mezinhas, provérbios, histórias ou contos e lengalengas ou no gastronómico, com os seus pratos ancestrais de sabores diversos e aromas fortemente condimentados, ou nas suas poesias de poetas vulgares encravados no barrocal ou na serra, onde debaixo de uma sobreira ou alfarrobeira ensaiaram versos simples de fria verdade, cada vez nos orgulhamos mais de aqui ter nascido, nesta terra de poucas palavras, mas de muitos sentimentos.